A TENSÃO POLÍTICA FUNDAMENTAL: "unidade e diversidade"; "poder e autoridade"

VI. UNIDADE x DIVERSIDADE; PODER x AUTORIDADE

          A tensão política fundamental dá-se, num eixo, entre "unidade" e "diversidade" e, noutro, entre "poder" e "autoridade".

        Qualquer comunidade é uma unidade formada por elementos diversos e independentes. O paradigma de família, por exemplo, tem pai, mãe, e prole. Qualquer outro conceito de família é decorrente desse. Outros exemplos: um clube é formado por sócios; um time de futebol, pelos jogadores; uma igreja, pelos fiéis; etc. Nessas comunidades, há sempre uma tensão entre as necessidades e vontades do todo e as necessidades e vontades de cada um das partes. Essa é a tensão entre "Unidade" (Todo) e "Diversidade" (Partes).

        A tensão entre "Poder" (potestas) e "Autoridade" (autorictas) é mais complexa. Essa relação de poder e autoridade existe em qualquer comunidade. Colocando de maneira simples, pode-se dizer que "o poder pode, e a autoridade autoriza". Noutras palavras: quem tem o poder é quem age, mas age somente até os limites determinados pela autoridade. Por exemplo, num time de futebol quem tem o poder são os jogadores, mas a autoridade é o técnico. Os jogadores são quem age, mas o treinador é quem escala, estabelece a tática, planeja a estratégia de jogo, etc. Numa partida de futebol, ainda são os jogadores quem detém o poder, mas sob a autoridade do árbitro. Os jogadores agem (jogam), mas agem somente até os limites determinados pelo árbitro.

       É entre esse polos – "unidade e diversidade", "poder e autoridade" – que a tensão política é experimentada, e os atores sentem-se compelidos a encontrar o ponto-de-equilíbrio. Essa tarefa é imorredoura, pois o ponto jamais é encontrado. Tudo o que se consegue alcançar são soluções temporárias, estando a tensão sempre presente. Essa tensão pode ser representada da seguinte forma:

       Uma Constituição duradoura precisa reconhecer a forma concreta que esses pólos assumem dentro da comunidade política. Em suma, a constituição escrita precisa estar em harmonia com a constituição não-escrita. Caso não esteja, os atores não poderão encontrar pontos-de-equilíbrio, e a ruptura institucional será inevitável. 

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